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Empoderamento e beleza: exposição artística ressalta o poder da mulher negra

Empoderamento e beleza: exposição artística ressalta o poder da mulher negra
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Com o tema “A Cor e o Poder”, a exposição fotográfica e de esculturas expostas até esta sexta-feira (18/08) no saguão da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), retrata a força e a representatividade da mulher negra na sociedade. A iniciativa artística ressalta a importância do respeito, independente de gênero e de cor.

Neste contexto, 21 mulheres negras que ocupam destaque em suas áreas de atuação, dentre elas a Auditora-Fiscal e Diretora de Formação Sindical e Relações Intersindicais do Sindifisco-GO, Cláudia Prado de Paula, foram homenageadas por meio de exposição fotográfica de suas rotinas.

Na tarde desta quinta-feira (17/08), o presidente da entidade sindical do Fisco, Paulo Sérgio Carmo, o vice-presidente, Hugo Maria D`Assunção e a presidente da Affego, Dalvina Cardoso, acompanhados pelos diretores Guilherme Parmigiani e Jhonatan Santos, prestigiaram a mostra cultural.

Para o presidente do Sindifisco-GO, a homenagem à diretora Cláudia Prado orgulha toda a categoria. Segundo ele, a curadora da mostra acertou em ter reconhecido na Auditora-Fiscal a imagem de alguém capaz de transmitir força para o debate da questão racial em Goiás. “Há um esforço muito grande de setores da sociedade para diminuir a importância deste tema. Esta mostra dentro da Casa do Poder Legislativo é fundamental para que o assunto nunca saia de voga enquanto não for definitivamente extirpado do nosso meio”, destaca.

“Irei parafrasear o fundador do Ilê Aiyê, o líder Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, casa de luta cinquentenária, quando questionado porque o grupo continuava admitindo apenas pessoas negras no bloco de carnaval em Salvador. Ele respondeu que as razões que levaram à fundação do grupo, ainda na década de 70, permanecem até hoje. Há, portanto, muito a ser feito e estamos em um momento de reflexão e resgate de pautas fundamentais para o estabelecimento de um país de fato democrático”, argumenta Paulo Sérgio Carmo.

A deputada federal Delegada Adriana Accorsi (PT), em visita à Alego na tarde desta quinta-feira, também conferiu a galeria de fotos e se encantou com o que viu: “Estou surpresa e feliz por esta Casa prestigiar esta magnífica exposição de mulheres vencedoras”, anotou a parlamentar. “Gostaria que esta exposição percorra todo o Brasil”, enfatiza.

A presidente da Affego, Dalvina Cardoso, declarou que está muito feliz pelo projeto ter ocupado espaço de destaque no Legislativo goiano. Ela diz que a exposição reconhece com muita justiça o trabalho desempenhado pelas mulheres negras na sociedade goiana:

“Na condição de presidente da Associação do Fisco de Goiás, estou imensamente feliz por esta iniciativa. É uma forma de trazer a público o valor destas mulheres lutadoras que trazem significativa contribuição nos enchendo de orgulho”, ressalta.

Servir de incentivo

Cláudia Prado relata que, ao receber o convite da organizadora do evento para ser retratada, se entusiasmou por enxergar nesta oportunidade uma ferramenta para mostrar que é possível às mulheres negras ocuparem espaços de destaque numa sociedade permeada pelo racismo estrutural. De acordo com ela, sua imagem e seu posicionamento dentro da sociedade poder servir de incentivo, em especial às crianças e jovens:

“É uma chance de os visitantes entenderem a capacidade de poder das mulheres negras estarem nos lugares, ou seja, de conseguir se formar e, por meio do mérito e esforço próprio, se inserirem e serem bem sucedidas em suas profissões de escolha, seja em um concurso público como foi o meu caso ou onde elas desejarem estar”, pontua Cláudia Prado.

Outra mulher negra homenageada pela mostra foi a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, que veio pessoalmente, na tarde da última quarta-feira (16/08), conferir a exposição. Em entrevista à Comunicação do Sindifisco-GO, a chefe da pasta cultural da gestão do governador Ronaldo Caiado (UB), declarou que a iniciativa é muito simbólica e representativa, principalmente por ocupar as galerias da Casa de Leis estadual:

“É muito importante que as mulheres pretas ocupem espaços de destaque na sociedade.  Apesar de sofrerem muito racismo de forma direta e estrutural, vemos aqui que é possível demonstrar que, se estiverem unidas, podem chegar onde quiserem”, afirma.

Representatividade

Indagada de que forma as meninas e mulheres negras precisam trilhar suas trajetórias para alcançarem seus objetivos, numa sociedade que ainda padece de inequidades de oportunidades, Yara Nunes respondeu que a primeira questão que precisa ser resolvida é a falta de representatividade da mulher preta.  Ela cita sua infância, no qual não haviam mulheres negras de destaque, como por exemplo na televisão, da qual poderia se espelhar.

“Exposição como esta mostra às meninas negras que elas podem chegar lá, porém com união. Se tivermos unidas, seremos muito mais fortes, independentemente do que a sociedade vier a engendrar para nos impedir de ocuparmos os espaços”, ressalta Yara Nunes.

Combate ao racismo

Para a consultora de modas e idealizadora da exposição pública de obras artísticas, Val Nega da Moda, a ideia da mostra temática “A Cor e o Poder” teve origem de seu esforço no combate ao preconceito racial: “Conheci várias mulheres negras vencedoras em suas respectivas áreas, como a Cláudia Prado, que estavam passando pelo mesmo processo de enfrentamento ao racismo estrutural”, enfatiza.

“Mulheres como eu, baiana, que veio para Goiânia, que ostenta a fama de ser a capital das mulheres bonitas, eu não encontrava a beleza negra sendo representada. Portanto, quis mostrar dentro desta exposição que as mulheres pretas desta cidade são lindas, poderosas e vencedoras”, argumenta.

Val Nega promete que a mostra não se restringirá à Alego. Ela afirma que, após tratativas com a Yara Nunes, a exposição deverá percorrer outros locais. Inclusive já existe o convite para exibições na Cidade de Goiás, Aparecida de Goiânia e em outras capitais, como o Rio de Janeiro e Brasília.

“Vamos mostrar que temos cor e poder, até porque não queremos ser coadjuvantes, almejamos com muita dignidade e talento sermos as protagonistas”, conclui. 

 

Comunicação Sindifisco-GO